Como será o futuro do meu filho? Será que ele vai conseguir estudar, trabalhar, formar vínculos afetivos, ser independente?
A incerteza sobre o que vem pela frente costuma ser fonte de angústia, sobretudo para pais de crianças autistas. Contudo, ela também pode abrir espaço para o planejamento e o acolhimento.
Neste texto, exploramos cenários possíveis, levando em consideração os avanços no mercado de trabalho e nas instituições de ensino superior. Além disso, você conhece 6 dicas para planejar esse futuro ao lado de crianças neurodivergentes. Continue lendo e saiba mais.
Como pode ser o futuro de uma criança autista?
Assim como cada pessoa com o transtorno do espectro autista(TEA) é única, seu futuro também não pode ser determinado apenas a partir do diagnóstico. Para isso, é preciso considerar o nível do espectro e suporte, o acesso a terapias, o acolhimento escolar, o ambiente familiar e uma série de outros fatores que impactam a qualidade de vida da criança e de seus cuidadores.
Há uma diversidade enorme entre pessoas autistas, e isso se reflete também em suas jornadas de vida. Por isso, é importante abandonar a ideia de um único “modelo” de futuro e focar em construir um caminho que respeite os interesses, ritmos e limites de cada indivíduo.
Leia também: Como diminuir os custos do tratamento do autismo?
O mercado de trabalho para pessoas com TEA está mudando?
Aos poucos, sim. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego e a informalidade ainda são maiores em pessoas com deficiência no Brasil. No entanto, mudanças legislativas recentes visam mudar esse cenário.
Um exemplo é a Lei n.º 14.992, sancionada em 2024, que tem como principal objetivo a inserção de mais pessoas com o transtorno do espectro autista no mercado de trabalho. Dentre as mudanças implementadas, destacam-se:
- a obrigação do Sistema Nacional de Emprego (Sine) adaptar o seu pessoal e a sua infraestrutura a observar as normas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); e
- a integração do Sine com a base de dados do Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (SisTEA), que é de responsabilidade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
Dessa forma, promover a intermediação de vagas de emprego e contratos de aprendizagem se torna mais fácil.
Além disso, no Brasil, também vêm crescendo as instituições e ONGs que focam na inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho. Alguns exemplos são:
- Instituto Serendipidade: A ONG tem vários programas voltados à inclusão de pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de trabalho. Eles atuam com advocacy, apoio a famílias e parcerias com empresas para ampliar a diversidade e a acessibilidade.
- Instituto Incluir: Atua com projetos de empregabilidade para pessoas com deficiência, oferecendo consultoria a empresas, além de capacitação e desenvolvimento pessoal.
E as instituições de ensino superior, estão mais preparadas?
Sim. E as mudanças começam já no processo seletivo de pessoas diagnosticadas com TEA: a Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Além disso, a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, 2015) determina a necessidade de disponibilizar os “recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com deficiência”.
Nesse sentido, além de ter o direito de concorrer ao vestibular como cotista para deficiência, o estudante autista também pode solicitar apoio durante o momento da prova.
O número de pessoas autistas no ensino superior também cresceu, de acordo com o Jornal da Unesp: em 2023, cerca de 6 mil pessoas com TEA estavam matriculadas em universidades, um aumento de mais de 500% em relação aos 980 registrados em 2017. O crescimento representa uma maior busca dessas pessoas pelo ensino superior, e mais sucesso no processo de conquista dessas vagas.
Isso não significa, no entanto, que esses estudantes não enfrentam dificuldades. Questões como a falta de compreensão por parte dos professores, a ausência de adaptações pedagógicas e barreiras na comunicação ainda podem impactar a permanência desses alunos e, consequentemente, a sua profissionalização.
Como planejar o futuro da criança autista?
Apesar dos avanços na inclusão e no suporte para pessoas autistas, a verdade é que é impossível determinar como será o seu futuro. Por isso, o planejamento e o preparo dessas crianças para situações adversas faz toda a diferença.
Confira, abaixo, seis dicas que podem auxiliar nesse processo.
1. Desenvolva habilidades “funcionais”
A habilidade de comunicação e de realizar tarefas cotidianas, como se vestir, lidar com dinheiro e se deslocar com segurança, são passos importantes para a conquista da autonomia. A pessoa com TEA deve ser incentivada a realizar essas tarefas, sempre com o auxílio das terapias adequadas quando necessário.
Leia também: Crises de agressividade no autismo: o que fazer? Como evitar?
2. Aposte em interesses e talentos
Hobbies e paixões podem se transformar em profissões e fonte de autoestima. Quando incentivadas a buscar formações e atividades alinhadas com os seus interesses particulares, pessoas com TEA podem se sentir mais motivadas a lidar inclusive com as dificuldades.
3. Busque redes de apoio
Tanto crianças que estão no espectro autista quanto seus familiares e cuidadores devem contar com uma rede de apoio. Além da troca de experiências com outras famílias contribuir para identificar potenciais desafios, profissionais de saúde mental também podem ajudar todos os envolvidos nesse processo a se preparar para mudanças de maneira saudável e segura.
Leia também: Tratamentos e medicamentos para o autismo: conheça os principais
4. Converse sobre o futuro desde cedo
Ao longo da vida da criança, envolva-a em decisões e crie expectativas realistas, mas otimistas. Assim, ela também é estimulada a projetar o seu futuro e a construir cenários em que alcança seus objetivos.
5. Conheça os direitos das pessoas autistas
Entender as políticas públicas, os benefícios legais e os apoios disponíveis pode garantir mais segurança no longo prazo, tanto para a criança quanto para os seus cuidadores.
Leia também:
- Cannabis e autismo: conheça essa possibilidade de tratamento
- Sensibilidade auditiva no autismo: como identificar e lidar com essa realidade
- Tratamentos e medicamentos para o autismo: conheça os principais
Conheça o Mais Alívio
Um programa de suporte ao paciente é uma ferramenta que auxilia pessoas com transtornos e doenças crônicas a navegar por atividades cotidianas com mais facilidade. Com funcionalidades como monitoramento de sintomas e gerenciamento de medicações, ele possibilita que pessoas com TEA tenham mais informações sobre o seu processo de adaptação e uma fonte segura para tirar dúvidas.
O Mais Alívio é um programa de suporte ao paciente 100% gratuito, que tem como objetivo ser um aliado de pessoas diagnosticadas com autismo e profissionais de saúde. Para aproveitar benefícios exclusivos, basta baixar o nosso aplicativo.