Sensibilidade auditiva no autismo: como identificar e lidar com essa realidade

A sensibilidade auditiva no autismo é uma das manifestações mais comuns do transtorno do processamento sensorial. Muitas vezes, é o que leva crianças autistas a cobrirem os ouvidos, se esconderem ou demonstrarem medo diante de determinados sons — mesmo aqueles que, para outras pessoas, não causariam incômodo.

Neste artigo, vamos entender melhor por que isso acontece, como identificar a hipersensibilidade auditiva no TEA e quais estratégias podem ajudar famílias, cuidadores e escolas a lidarem com a reação a estímulos sonoros no autismo.

 

O que é hipersensibilidade auditiva no autismo?

A hipersensibilidade auditiva é uma alteração no modo como o cérebro processa os estímulos sonoros. Em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa condição faz com que sons comuns — como o barulho de um liquidificador, o toque do sinal escolar ou até a mastigação — sejam percebidos de forma intensa, desorganizada ou dolorosa.

Essa sensibilidade auditiva no autismo faz parte do que chamamos de transtorno do processamento sensorial, que pode afetar não apenas a audição, mas também os sentidos táteis, visuais, olfativos e gustativos. No caso da audição no autismo, o excesso de sensibilidade pode causar estresse, irritabilidade e dificuldades de socialização.

Algumas crianças autistas podem ter uma resposta aumentada aos sons (hipersensibilidade auditiva), enquanto outras apresentam hipossensibilidade auditiva — ou seja, menor resposta aos estímulos sonoros. Ambas as condições impactam o dia a dia e precisam de atenção individualizada.

 

Comportamentos relacionados a sons em autistas

Os comportamentos ligados à sensibilidade auditiva no autismo variam, mas alguns sinais frequentes incluem:

  • Cobrir os ouvidos diante de determinados sons;
  • Evitar locais barulhentos ou agitados;
  • Choro ou crises diante de ruídos específicos;
  • Aversão a objetos ou ambientes que produzem sons intensos;
  • Fascínio por sons repetitivos, como o de eletrodomésticos.

Essas reações também podem estar associadas à misofonia, ou síndrome da sensibilidade seletiva ao som, uma condição na qual sons muito específicos — como mastigação ou respiração — geram incômodo emocional ou físico. Em alguns casos, falamos de autismo e misofonia de forma combinada, já que a condição pode coexistir com o TEA.

 

Estratégias para lidar com sons no TEA

Em casa:

  1. Ofereça previsibilidade sonora
    Prepare a criança para sons que vão acontecer: explique que o liquidificador será ligado, por exemplo, e associe isso a algo positivo (como preparar um suco que ela gosta).
  2. Explique os sons do corpo humano
    Fale sobre os sons naturais do corpo, como batimentos cardíacos ou ronco da barriga. Isso ajuda a reduzir o susto ou a ansiedade quando a criança perceber esses sons.
  3. Simule situações com sons previsíveis
    Antes de sair para a escola ou para um mercado, descreva os ruídos que podem surgir e pratique com a criança, utilizando sons gravados ou imitações leves.
  4. Não force a exposição
    Forçar a criança a lidar com sons desconfortáveis pode gerar uma associação negativa e prejudicar sua relação com o ambiente ou com a pessoa envolvida.

 

Em ambientes públicos:

Em um ambiente público e escolar, a exposição a sons pode ser maior do que no ambiente familiar e, sem a devida adequação, pode fazer com que o incômodo seja ainda maior em crianças autistas nesses contextos. Confira algumas estratégias para lidar com os sons nesses locais:

  1. Trabalhe a inclusão sonora com a turma
    Explique o que é o TEA e, com o consentimento da criança e da família, incentive a expressão. Isso aumenta a empatia dos colegas.
  2. Tenha um mapa sonoro da criança
    Com ajuda dos pais, registre quais sons a criança gosta e quais ela evita. Evite ruídos desconfortáveis e use sons agradáveis como ferramenta pedagógica.
  3. Antecipe estímulos auditivos
    Avise sobre o toque do sinal ou outros sons da rotina e associe-os a momentos prazerosos (como a hora do recreio).
  4. Ofereça alternativas e refúgios sensoriais
    Em momentos de barulho excessivo, ofereça um espaço tranquilo, como a biblioteca ou sala de apoio. Crie, se possível, um ambiente de descompressão sensorial.
  5. Disponibilize recursos como fones antirruído ou tampões de ouvido, que ajudam a reduzir o impacto dos sons mais intensos.

 

Em momentos de crise o que fazer?

Mesmo com estratégias e cuidados, podem acontecer situações que fogem do controle e geram crises, por isso é importante saber o que fazer nesses momentos. Seguem algumas dicas:

  • Mantenha fones contra ruído ou sons relaxantes por perto;
  • Use ruído branco ou músicas preferidas para acalmar;
  • Fique ao lado da criança, mostre que ela está segura e que não está sozinha.

 

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Referências:

  • Baranek GT. Sensory experiences questionnaire: discriminating sensory features in young children with autism, developmental delays, and typical development. J Child Psychol Psychiatry. 2006.

  • American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), 2013.

  • Tomchek SD, Dunn W. Sensory processing in children with and without autism: A comparative study using the Short Sensory Profile. Am J Occup Ther. 2007.