Para a pessoa com fibromialgia, a busca por alívio da dor crônica e da fadiga é, muitas vezes, uma jornada complexa e desgastante. O tratamento, frequentemente pautado na tentativa e erro de diversas classes de medicamentos, levanta uma questão central: como equilibrar a eficácia terapêutica com a segurança dos fármacos e a manutenção da qualidade de vida?
Neste conteúdo, abordaremos os aspectos críticos de segurança do tratamento da fibromialgia, destacando os riscos inerentes à polifarmácia e a importância das abordagens não-farmacológicas.
Riscos vs. Benefícios no tratamento da fibromialgia
O manejo da fibromialgia baseia-se na modulação da dor no sistema nervoso central. Isso exige o uso de medicamentos que atuam no cérebro, e por isso, carregam um perfil de efeitos colaterais que não pode ser negligenciado. Por exemplo:
| Tipo de medicamento | Principais riscos e efeitos adversos |
| Neuromoduladores | Sonolência, tontura, edema (inchaço periférico) e potencial ganho de peso. Em tratamentos prolongados, é crucial o monitoramento da função renal. |
| Antidepressivos tricíclicos | Efeitos anticolinérgicos como boca seca, constipação e retenção urinária. Risco de sedação e impacto na qualidade do sono, exigindo ajustes de dose minuciosos. |
| Antidepressivos | Risco de náuseas no início do tratamento e síndrome de descontinuação (sintomas de “rebote”) se a retirada não for gradual. |
| Analgésicos (Opioides) | Alto potencial de desenvolvimento de tolerância, hiperalgesia induzida por opioides (aumento paradoxal da dor) e dependência. Seu uso na fibromialgia deve ser estritamente limitado e supervisionado. |
| Anti-inflamatórios (AINEs) | São, em geral, ineficazes para a dor da fibromialgia e elevam o risco de complicações gastrointestinais e cardiovasculares. Não são recomendados como tratamento de primeira linha. |
Polifarmácia e fibromialgia: quais são os potenciais impactos?
A fibromialgia raramente se manifesta sozinha, sendo frequentemente acompanhada de comorbidades como insônia, Síndrome do Intestino Irritável, depressão e ansiedade. Essa realidade leva o paciente à polifarmácia, definida como o uso concomitante de múltiplos medicamentos (e, muitas vezes, suplementos e fitoterápicos).
A segurança pode ser seriamente comprometida pela polifarmácia, devido a:
- Interações medicamentosas: O risco de interações perigosas aumenta exponencialmente. Combinações inadequadas podem levar à toxicidade hepática, à sedação excessiva ou a alterações no ritmo cardíaco.
- Sobrecarga metabólica: Múltiplos fármacos exigem um processamento intenso pelo fígado e rins, órgãos que podem ser sobrecarregados a longo prazo.
- Confusão e adesão: A complexidade da rotina de tomar diversos comprimidos em horários variados reduz a adesão ao tratamento e aumenta a chance de erros.
Por isso, é fundamental que o paciente seja acompanhado por um médico de referência que realize o Gerenciamento Integrado de Medicamentos, revisando periodicamente toda a lista de substâncias utilizadas.
Tratamentos não-farmacológicos oferecem mais segurança?
Sim. As abordagens não-farmacológicas são a base de qualquer tratamento seguro e eficaz para a fibromialgia, pois oferecem os melhores resultados de longo prazo com o menor perfil de risco. No entanto, vale lembrar que elas, sozinhas, não são suficientes para o tratamento integral da fibromialgia.
- Atividade física supervisionada: Cientificamente, a prática regular de exercícios aeróbicos (como caminhada ou hidroginástica) é o tratamento com maior nível de evidência. Embora o paciente tema a dor inicial, a progressão gradual e acompanhada garante a segurança e leva à melhora do condicionamento físico, do humor e da tolerância à dor.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): É uma ferramenta de segurança psicológica, ajudando o paciente a reinterpretar a dor e a desenvolver estratégias de enfrentamento. A TCC melhora a adesão ao tratamento, reduz a ansiedade e combate a catastrofização (o medo de que a dor irá piorar).
Fibromialgia e Cannabis medicinal
Em terapias emergentes, como o tratamento da fibromialgia com a Cannabis medicinal, a segurança está diretamente atrelada à regulamentação.
- Perfil de segurança: O Canabidiol (CBD) e outros canabinoides demonstram um perfil de efeitos colaterais geralmente mais leves e dose-dependentes (p. ex., sonolência leve ou alterações gastrointestinais) em comparação com os fármacos psicotrópicos convencionais.
- Risco da ilegalidade: O grande risco é o uso de produtos não fiscalizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ou importados sem licença. Estes produtos não garantem a pureza, a concentração declarada ou a ausência de contaminantes, comprometendo gravemente a segurança do paciente. No entanto, com a RDC 327, a aquisição de produtos regularizados ficou mais simples.
- Prescrição e qualidade: Para um tratamento seguro com Cannabis Medicinal, é imprescindível a prescrição médica detalhada e a escolha de produtos que possuam Certificado de Análise (CoA), garantindo conformidade e dosagem correta.
Como o Mais Alívio pode ajudar?
O Mais Alívio é um programa de suporte ao paciente que tem como principal objetivo funcionar como um apoio durante a sua jornada de tratamento. Pessoas com fibromialgia contam com uma série de ferramentas que colaboram com a manutenção de riscos no tratamento, como:
- Gerenciamento da medicação: Lembretes de doses, informações sobre medicamentos e acompanhamento da adesão ao tratamento.
- Caixa de remédios: Visualize todos os medicamentos em uso e seu estoque, assim como análise de interação medicamentosa. Assim, você tem mais segurança e menos chances de administrar algum medicamento de forma incorreta.
- Trilha de cuidado: Tenha acesso a conteúdos educativos sobre o tratamento e os medicamentos. Com isso, você tem informações seguras sobre a sua condição de saúde e pode participar ativamente da tomada de decisão.
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