Demência: entenda o que é e quais são os principais sinais

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, a demência acomete cerca de 8,5% da população idosa do Brasil, totalizando um número aproximado de 1,8 milhão de casos. A estimativa é que, até 2050, mais de 5 milhões de brasileiros sejam diagnosticados com essa condição.

Embora sua causa varie conforme o tipo, em muitos casos de demência neurodegenerativa, como o Alzheimer, não há uma causa única identificável. Fatores genéticos, ambientais e estilo de vida contribuem para o desenvolvimento do quadro. Nesse sentido, aprender a reconhecê-los e familiarizar-se com potenciais tratamentos é fundamental para manter a qualidade de vida de pessoas diagnosticadas e seus cuidadores.

O que é a demência?

“Demência” é um termo geral usado para descrever um declínio progressivo das funções cognitivas — como memória, linguagem, raciocínio e comportamento — que interfere no dia a dia de uma pessoa. Nesse sentido, não se trata de uma doença específica, mas de um conjunto de sintomas causados por diferentes doenças que afetam o cérebro.

Ela é mais comum em pessoas com mais de 65 anos, mas, ao contrário do que se imagina, não é parte do envelhecimento normal. Ela indica, na verdade, uma perturbação que afeta sobretudo a memória.

Dentre os tipos mais conhecidos de demência, estão:

  • o Alzheimer, tipo mais comum de demência e que afeta a memória e o aprendizado;
  • a Demência Vascular, causada por problemas na circulação sanguínea cerebral, como AVCs ou pequenos infartos, e que afeta o raciocínio, o julgamento e a velocidade do pensamento;
  • a Demência com Corpos de Lewy, depósitos anormais de proteína no cérebro, que causam flutuações cognitivas, alucinações visuais e sintomas motores parecidos com o Parkinson;
  • a Demência Frontotemporal (DFT), que afeta os lobos frontal e temporal do cérebro, prejudicando o comportamento, a personalidade e a linguagem, e costuma acontecer em pessoas mais jovens (com menos de 65 anos).

Qual a diferença entre demência e Alzheimer?

O Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa. Nesse sentido, toda pessoa diagnosticada com Alzheimer tem demência, mas nem todo diagnóstico de demência equivale ao Alzheimer.

Esse diagnóstico exige uma avaliação médica completa, além de testes de estado mental, testes neurológicos e exames de sangue e de imagem. Leva-se em consideração, ainda, o histórico clínico da pessoa, seus sintomas e outros fatores de saúde que podem causar tipos variados de demência.

Quais são os sinais e sintomas de demência?

O principal sintoma da demência é a perda de memória. Além deste, porém, também é comum que pacientes apresentem:

  • Dificuldades para falar ou se comunicar;
  • Mudanças na personalidade;
  • Desorientação;
  • Problemas ao fazer tarefas diárias habituais;
  • Comportamento perturbador ou inapropriado.

O tempo de apresentação desses sintomas pode variar entre pessoas e de acordo com o estágio de progressão da doença. 

Distúrbios comportamentais causados pela demência

Uma vez que pessoas com demência têm mais dificuldades para controlar seu comportamento, elas podem agir de forma considerada inadequada ou disruptiva. Não raro, podem gritar, se jogar, se debater ou vagar a esmo. 

Essas ações são causadas por diversos efeitos da demência. Por exemplo: ao se esquecer das regras comportamentais adequadas, essas pessoas podem se despir em público quando sentem calor. Da mesma forma, podem se masturbar a qualquer momento ou em qualquer lugar, quando sentem impulsos sexuais. 

A dificuldade de compreender o que ouvem e/ou veem pode fazer com que interpretem ações e palavras de forma equivocada, confundindo as intenções de seus interlocutores. Nesse sentido, uma oferta de ajuda pode parecer uma ameaça e vice-versa. Da mesma forma, como apresentam dificuldades para se comunicar, podem recorrer a ações extremas (como gritar de dor, perambular etc.) quando se sentem sozinhas ou assustadas.

Quais são os estágios da demência?

A função mental de uma pessoa com demência pode se deteriorar em um período de 2 a 10 anos, com uma progressão em ritmos diferentes em cada paciente. 

Mesmo assim, a definição em sintomas precoces, intermediários ou tardios ajuda as pessoas afetadas, os familiares e outros cuidadores a terem uma ideia do que esperar

Sintomas precoces de demência

De modo generalizado, os primeiros sinais de demência costumam ser mais leves, o que torna difícil identificá-la no início. A memória para eventos recentes é uma das primeiras funções mentais a ser prejudicada. Além disso, essas pessoas passam a ter dificuldade para:

  • Encontrar e utilizar a palavra certa;
  • Entender a linguagem;
  • Pensar de forma abstrata, como quando se trabalha com números;
  • Fazer muitas tarefas diárias, como encontrar o seu caminho e lembrar onde foram colocados os objetos.

O humor também pode ser afetado, uma vez que as emoções se tornam instáveis e imprevisíveis. Além disso, familiares podem começar a perceber comportamentos incomuns, como se a pessoa tivesse “mudado de personalidade”.

É comum que pessoas nesse estágio inicial adaptem o seu estilo de vida às novas dificuldades. Nesse sentido, passam a evitar atividades complexas, como controlar as suas contas bancárias, ler ou trabalhar. Quem não o faz, pode se sentir mais frustrado diante da percepção de que já não consegue realizar tarefas consideradas simples.

Sintomas intermediários de demência

Com a progressão da demência, os problemas iniciais se tornam mais complexos e mais frequentes. Assim, o paciente pode enfrentar dificuldades para:

  • Aprender e lembrar novas informações;
  • Lembrar de eventos do passado;
  • Executar tarefas diárias de autocuidado, como tomar banho, comer, se vestir e ir ao banheiro;
  • Reconhecer as pessoas e os objetos;
  • Manter o controle do tempo e saber onde estão;
  • Entender o que veem e ouvem, o que aumenta a confusão;
  • Controlar o seu comportamento.

Além disso, é comum que essas pessoas se percam mesmo dentro de suas casas, e elas têm mais risco de cair. Realizar funções como dirigir ou sair de casa se torna ainda mais complicado, pois esses pacientes perdem a capacidade de tomar decisões rápidas e costumam se esquecer de para onde estavam indo.

Também é possível observar traços de personalidade mais exagerados. Por exemplo: se a pessoa costumava ter preocupações com dinheiro, ela pode se tornar obcecada pelo assunto. Em alguns casos, pacientes se tornam mais irritados, ansiosos, egocêntricos ou inflexíveis; em outros, tornam-se passivos, sem expressão, deprimidos ou ausentes.

Por fim, os padrões de sono também podem ser afetados. Assim, por mais que durmam por uma quantidade razoável de horas, passam menos tempo em sono profundo, o que faz com que se tornem mais inquietas durante a noite. 

Sintomas tardios de demência

Nos estágios finais da demência, as pessoas perdem sua capacidade de participar de uma conversa e de falar. A memória se esvai quase completamente, tanto para eventos recentes quanto para eventos passados. Além disso, podem não reconhecer a si mesmos ou a seus familiares.

Em estágios muito avançados, a demência também afeta as funções do cérebro responsáveis pelas ações motoras. Por isso, pacientes perdem a capacidade de se locomover, se alimentar ou realizar qualquer outra tarefa diária. 

Problemas para engolir remédios também se tornam comuns, e podem levar a casos mais graves de desnutrição e pneumonia, que levam à morte.

Como é feito o diagnóstico da demência?

O diagnóstico de demência é feito a partir de uma avaliação completa do paciente, incluindo:

    • Avaliação médica: Momento em que é feita a avaliação física do paciente, bem como a investigação de seu histórico clínico e de saúde.
    • Teste do estado mental: São feitas perguntas e tarefas simples, como o nome de certos objetos, lembrar de listas curtas, escrever frases e copiar formas. 
  • Testes neuropsicológicos: Testes mais detalhados, que podem ser usados para  esclarecer o grau de comprometimento ou para determinar se a pessoa está passando por um declínio mental verdadeiro.
  • Exames de sangue e exames por imagem (como tomografia ou ressonância magnética) para descartar outros problemas de saúde.

Quais são as opções de tratamento da demência?

Por ser uma manifestação de declínio das funções cognitivas, a demência não tem cura e não pode ser revertida. Nesse sentido, os tratamentos envolvem a melhoria da qualidade de vida e a manutenção de sintomas que afetem a capacidade da pessoa diagnosticada de se sentir bem.

Tratamentos medicamentosos podem melhorar momentaneamente a função mental, mas não retardam a progressão da demência. Em geral, medicamentos são usados para ajudar a controlar os comportamentos desafiadores, e incluem antipsicóticos, anticonvulsivantes e antidepressivos. Também podem ser usados suplementos dietéticos, no caso de pacientes que já apresentam deficiências de vitaminas graças ao estado avançado da doença.

Tratamentos não medicamentosos — como as terapias ocupacionais, psicoterapia e o estímulo cognitivo e físico — também devem ser levados em consideração. Nos estágios iniciais da demência, podem ajudar na qualidade de vida em geral do paciente, além de contribuírem para a saúde de seus cuidadores.

Por fim, tratamentos alternativos, como o uso da cannabis medicinal, também contribuem para a manutenção da qualidade de vida. Estudos apontam que o uso terapêutico da cannabis no tratamento de Alzheimer, por exemplo, pode ser benéfico graças ao seu efeito neuroprotetor. Além disso, os ativos ajudam na manutenção de sintomas comportamentais, como a agitação, a agressividade e a insônia.

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Referências bibliográficas

CARAMELLI, Paulo et al. Tratamento da demência: recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Dement. neuropsychol., n. 16, v. 3, set. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dn/a/qCcZ73tZ9Y9N93w7QngSWCq/

COELI et al. Terapias não farmacológicas no tratamento de pacientes com demência: uma revisão integrativa. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, v. 1, n. 17, 2024. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/16098

HUANG, Juebin. Demência (Distúrbio cognitivo motor). Manuais Merk (MSD). Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais-da-medula-espinal-e-dos-nervos/delirium-e-dem%C3%AAncia/dem%C3%AAncia