Medicamentos para epilepsia: quais são os principais e como funcionam?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas já receberam o diagnóstico de epilepsia, uma patologia neurológica caracterizada por uma disfunção cerebral que gera crises convulsivas.

Os tratamentos para epilepsia costumam ser medicamentosos e têm um bom prognóstico. No entanto, é fundamental contar com um especialista na hora de diagnosticar o indivíduo e determinar quais medicações são as mais apropriadas para aquele caso.

 

Por que são usados medicamentos para epilepsia?

O tratamento para epilepsia deve ser feito com medicamentos porque estes evitam as descargas elétricas cerebrais consideradas anormais, que geram as crises epilépticas. Ou seja, eles são anticonvulsivantes.

Além disso, o uso de fármacos também tem um histórico positivo no tratamento definitivo dos pacientes. Isso significa que, na maioria dos casos, é possível cessar por completo as crises epilépticas.

A opção pelo tratamento medicamentoso também é a forma mais simples de melhorar a qualidade de vida do paciente. Embora haja efeitos colaterais associados à medicação, eles podem ser previstos e controlados por um especialista.

 

Como funcionam os medicamentos para epilepsia?

A função cerebral considerada saudável implica a comunicação entre milhões de células nervosas, que enviam, entre si, sinais elétricos e químicos, ora excitando, ora inibindo os transmissores das células. Quando há um desequilíbrio nesses circuitos, como nos casos de epilepsia, ocorre uma convulsão.

Nesse sentido, os medicamentos para epilepsia funcionam de modo a normalizar a comunicação das células cerebrais. A sua ação varia de acordo com o tipo de convulsão e com o local onde ela acontece.

 

Quais são os principais medicamentos para epilepsia?

São vários os medicamentos aprovados pela Anvisa para o tratamento da epilepsia no Brasil. Dentre os principais, podemos citar:

  • Brivaracetam (BRV);
  • Canabidiol (CBD);
  • Carbamazepina (CBZ);
  • Diazepam (DZP);
  • Fenitoína (PHT);
  • Gabapentina (GBP);
  • Levetiracetam (LEV).
  • Oxcarbazepina (OXC);
  • Primidona (PRM);
  • Vigabatrina (VGB).

 

Qual é a dose máxima de um medicamento para epilepsia?

O tratamento para a epilepsia é, como comentamos, individual e dependerá das características do indivíduo. Desse modo, a dose máxima de um medicamento só poderá ser definida de maneira personalizada, com base no histórico médico e de crises e dos resultados dos estudos científicos com o fármaco usado.

 

Canabidiol no tratamento para epilepsia: funciona?

Os fármacos aprovados para o tratamento da epilepsia são vários, mas o canabidiol (CBD) ganhou destaque por ser uma alternativa eficaz em pacientes com epilepsia de difícil controle

O seu efeito acontece a partir da ação reguladora no funcionamento neuronal, atuando nos receptores CB1 e CB2, distribuídos pelo corpo. Assim, pode:

 

  • Reduzir a atividade de neurotransmissores excitatórias e estimular neurônios inibitórios, reequilibrando a atividade elétrica neural;
  • Atuar nos receptores vaniloides TRPV1 e em outros mecanismos conhecidos por estarem associados às crises convulsivas

 

Estudos em pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut e Síndrome de Dravet indicaram que o CBD melhorou significativamente o controle das crises convulsivas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes observados.

Alguns dos outros benefícios identificados nos estudos, além do controle das crises, são:

  • Melhoria do sono;
  • Desenvolvimento comportamental;
  • Melhora na saúde mental do indivíduo.

 

Os medicamentos à base de CBD também têm menos efeitos adversos, uma vez que não provoca irritabilidade e nem oscilações de humor. Os principais eventos relacionados ao uso estão associados à fadiga, perda ou ganho de peso, aumento ou redução do apetite e diarreia.

 

Como definir qual medicamento para epilepsia usar?

O tipo de medicamento usado para a epilepsia dependerá das características da crise de cada indivíduo. Por isso, é fundamental observar atentamente o comportamento da pessoa epiléptica nesses momentos e apresentar para o médico o maior número de detalhes possível. 

Além disso, os mecanismos de ação de cada medicamento também são levados em consideração. Dessa forma, é possível associar fármacos com mecanismos de ação diversos, de modo que as medicações se complementam durante o tratamento.

Na tabela abaixo, separamos as indicações de fármacos antiepilépticos de acordo com os tipos de convulsões. Observe:

 

Tipo de convulsão Anticonvulsivantes convencionais Anticonvulsivantes recém-desenvolvidos
Parcial ou parcial simples Carbamazepina, fenitoína, valproato, oxicarbazepina Lamotrigina, topiramato, gabapentina, levetiracetam, tiagabina, zonisamida
Parcial complexa Carbamazepina, fenitoína, valproato, oxicarbazepina Gabapentina, lamotrigina, levitiracetam, tiagamina, topiramato, zonisamida
Parcial, com convulsão tônico-clônica secundariamente generalizada Carbamazepina, fenitoína, valproato, fenobarbital, primidona, oxicarbazepina. Gabapentina, lamotrigina, levitiracetam, tiagabina, topiramato, zonisamida
Crise de ausência Etossuximida, valproato, clonazepam Lamotrigina, topiramato
Crise mioclônica Valproato Lamotrigina, topiramato
Convulsão tônico-clônica Carbamazepina, fenitoína, valproato, fenobarbital, primidona, oxicarbazepina Lamotrigina, topiramato

 

Por fim, é preciso também avaliar os eventos adversos apresentados durante o uso da medicação e definir se eles são esperados ou se é necessário reavaliar o fármaco escolhido.

 

FAQ

 

Existe uma única medicação para tratar as crises de epilepsia?

Em alguns casos, sim. No entanto, não é incomum que os pacientes diagnosticados com epilepsia precisem usar medicações combinadas, ou seja, o uso de um único fármaco nem sempre é o suficiente para cessar por completo as crises.

Para que o paciente diagnosticado com epilepsia tenha mais chances de contar com a monoterapia (isto é, o tratamento com um único remédio), é fundamental observar as características da crise e os fatores que levam a ela. Além disso, devem ser consideradas as particularidades de saúde daquele paciente. O diagnóstico e a escolha pelo medicamento devem ser feitos ao lado de especialistas e de forma multidisciplinar.

 

É possível parar de ter crises de epilepsia com medicamentos?

Sim. Em geral, cerca de 70% das pessoas com epilepsia conseguem controlar totalmente as crises apenas com o uso de medicamentos.

É importante ter em mente, no entanto, que a epilepsia é considerada “resolvida” quando:

  • a pessoa teve a última crise há mais de dez anos e está há pelo menos cinco anos sem tratamento com fármacos antiepilépticos; ou
  • trata-se de uma condição relacionada à idade, como acontece no caso de epilepsias comuns à infância e que tendem a desaparecer quando o indivíduo ultrapassa essa idade.

 

O que fazer quando as crises de epilepsia não passam, mesmo com o uso de fármacos?

Em alguns casos, a epilepsia é considerada “refratária” ou “fármacorresistente”. Isso significa que, mesmo com o uso de medicamentos apropriadamente escolhidos e usados de modo adequado, o indivíduo não consegue se livrar totalmente das crises.

Diante desse cenário, o paciente pode optar por alternativas de tratamento, como:

  • Terapias de estimulação nervosa (VNS ou DBS): Nesse tipo de terapia, a atividade cerebral é modulada a partir de estímulos externos, reduzindo, assim, a gravidade das crises.
  • Cirurgia: Em alguns casos, a cirurgia para epilepsia pode ser recomendada. O mais comum desses procedimentos consiste na remoção de uma pequena parte do cérebro, isto é, dos tecidos cerebrais na área onde ocorrem as convulsões. 

 

É importante ressaltar, no entanto, que esses casos devem ser avaliados individualmente e por um médico especialista. Além disso, nem sempre será possível extinguir por completo as crises: em alguns quadros, o melhor resultado estará associado ao fim das crises mais complexas, que colocam em risco a saúde física do paciente.

 

Conheça o Mais Alívio

Pacientes que já foram diagnosticados com epilepsia e já fazem o tratamento medicamentoso podem contar com o apoio do Mais Alívio. Aqui, você tem acesso a funcionalidades como:

  • Gerenciamento da medicação: lembretes de doses, informações sobre medicamentos e acompanhamento da adesão ao tratamento.
  • Monitoramento da saúde: acompanhamento dos sintomas, sua intensidade e diário de bordo para registro em ambiente seguro dos acontecimentos com o paciente.
  • Conteúdo informativo e confiável: artigos, vídeos e materiais educativos sobre o seu diagnóstico.
  • Acompanhamento personalizado para profissionais da saúde: visão abrangente da saúde dos pacientes, comunicação facilitada, geração de relatórios e acesso a pesquisas atualizadas.

 

Baixe o nosso aplicativo e tenha o suporte de que você precisa na palma da mão!