Epilepsia: Causas, tipos e estratégias de gestão do tratamento

A epilepsia é uma condição neurológica complexa, que afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por episódios de atividade cerebral anormal, conhecidos como crises epilépticas, a epilepsia pode variar desde casos leves até formas mais graves que impactam significativamente a qualidade de vida dos indivíduos.

Embora a epilepsia seja uma realidade para muitas pessoas, ela foi frequentemente cercada de estigmas e tabus. Neste artigo, compartilharemos algumas informações buscando promover a conscientização e compreensão sobre a doença.

Principais causas da epilepsia

A origem da epilepsia é multifatorial, com uma interplay complexa entre fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Embora a causa exata ainda permaneça em grande parte desconhecida, a pesquisa tem identificado várias possibilidades subjacentes à ocorrência de crises epilépticas.

A predisposição genética desempenha um papel fundamental, pois estudos revelaram que algumas formas de epilepsia são hereditárias. Mutações genéticas podem influenciar a excitabilidade neuronal e a regulação dos neurotransmissores, aumentando a probabilidade de episódios epilépticos.

Além disso, lesões cerebrais decorrentes de traumas, acidentes vasculares cerebrais e tumores podem levar ao desenvolvimento da epilepsia. A cicatrização resultante ou mudanças estruturais no cérebro podem alterar os padrões de condução elétrica normal, disparando as crises convulsivas

Infecções, como meningite ou encefalite, também podem desencadear a epilepsia. Essas condições inflamatórias podem danificar as células cerebrais e alterar as redes neurais, levando a atividade elétrica irregular.

 

 

Tipos de epilepsia e seus sintomas

A epilepsia é uma condição neurológica diversificada, e os tipos variados de crises epilépticas que podem ocorrer refletem essa complexidade. Dois dos tipos mais comuns de epilepsia são subdivididas de acordo com a apresentação das crises convulsivas, que podem ser focais ou generalizadas, cada uma apresentando características distintas.

As crises convulsivas focais originam-se em uma área específica do cérebro. As crises podem ter início em uma parte limitada do cérebro, resultando em sintomas que variam de acordo com a região afetada. Estes sintomas podem incluir movimentos involuntários, alterações sensoriais ou emocionais, e até mesmo fenômenos cognitivos complexos. A pessoa geralmente está consciente durante as crises, mas pode sentir sensações anormais ou experienciar mudanças em sua percepção.

Por outro lado, as convulsões generalizadas envolvem uma atividade elétrica anormal em ambos os hemisférios cerebrais simultaneamente. Isso pode levar a convulsões que afetam todo o cérebro. A característica distintiva dessas convulsões é a perda de consciência. Subtipos de crises generalizadas incluem as crises de ausência, que envolve uma breve perda de consciência, e a mioclônica, que resulta em movimentos musculares breves e repetitivos. Por fim, as crises convulsivas tônico-clônica generalizadas, conhecidas pelos abalos musculares intensos e perda de consciência.

 

Sintomas e diagnóstico da epilepsia

Os sinais e sintomas da epilepsia são variados e distintos, e a repercussão da crise convulsiva dependente da sua classificação, bem como a área do sistema nervoso acometida. Nas crises focais, por exemplo, os sintomas podem incluir movimentos involuntários, alterações sensoriais, sensações desagradáveis, como formigamento, ou até mesmo experiências emocionais incomuns. Por outro lado, as crises generalizadas frequentemente causam perda de consciência e abalos (tremores) musculares.

A caracterização das crises convulsivas e classificação de possíveis síndromes são fundamentais na melhor definição de tratamento. No processo de diagnóstico, um histórico médico detalhado é fundamental. Isso envolve a coleta de informações sobre as crises, como sua frequência, duração, características e quaisquer fatores desencadeantes. Exames médicos, incluindo exames neurológicos, também são conduzidos para avaliar a saúde geral do paciente.

O eletroencefalograma (EEG) é um exame de grande importância nos portadores de epilepsia. Ele registra a atividade elétrica do cérebro e pode identificar padrões anormais que são comuns durante as crises epilépticas. No entanto, em alguns casos, o EEG pode não capturar atividade anormal, e é aí que a monitorização ambulatorial de EEG ou a vídeotelemetria podem ser usadas para registrar atividade cerebral durante um período mais longo.

Além disso, exames de imagem cerebral, como a ressonância magnética (RM), podem ser realizados para identificar lesões cerebrais, tumores ou outras anomalias estruturais que possam estar relacionadas às crises epilépticas. A combinação de várias avaliações clínicas e exames ajuda a obter um diagnóstico preciso e a determinar o tratamento mais apropriado para cada indivíduo.

 

Tratamentos para epilepsia

O tratamento da epilepsia envolve uma abordagem personalizada, considerando a gravidade dos sintomas, o tipo de epilepsia e as necessidades individuais do paciente. Diversas opções terapêuticas estão disponíveis para gerenciar eficazmente essa condição neurológica. Aqui estão algumas das principais modalidades de tratamento:

Medicamentos Antiepilépticos (AEDs):
Os AEDs são frequentemente prescritos como primeira linha de tratamento. Eles atuam estabilizando a atividade elétrica no cérebro para prevenir crises epilépticas. O médico escolhe o medicamento com base no tipo específico de epilepsia e nos sintomas do paciente. O ajuste da dosagem pode ser necessário para otimizar a eficácia.

Cirurgia de Epilepsia:
Quando o tratamento medicamentoso não é eficaz para controlar as crises epilépticas ou quando o paciente não tolera os efeitos colaterais destas medicações, a cirurgia para o tratamento da epilepsia pode ser uma ferramenta no tratamento desta doença, com o objetivo de controle de crises, melhora da qualidade de vida e diminuição das medicações.

Nesses casos uma avaliação detalhada, incluindo testes neuropsicológicos e mapeamento cerebral, é realizada para determinar a viabilidade da cirurgia.

Terapias Complementares:
Cuidados complementares, como yoga, acupuntura e biofeedback, não substituem os tratamentos convencionais, porém podem ser benéficos e auxiliar na obtenção de bons resultados de saúde e bem-estar. Assim como o canabidiol (CBD), que nos últimos anos, as pesquisas têm mostrado seu potencial terapêutico e benefícios no tratamento da epilepsia.

É crucial que o tratamento seja supervisionado e ajustado por profissionais de saúde, considerando a resposta individual do paciente. A escolha do tratamento dependerá de uma avaliação detalhada da condição e das características específicas de cada pessoa. O objetivo principal é alcançar o controle adequado das crises, minimizando os efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida.

 

O papel do CBD no tratamento da epilepsia segundo estudos

A luta contra a epilepsia muitas vezes se torna ainda mais desafiadora quando os medicamentos tradicionais mostram-se ineficazes, deixando pacientes em um estado fármaco-resistente. No entanto, um raio de esperança surge no horizonte da saúde: o canabidiol (CBD).

Nos últimos anos, a pesquisa tem se concentrado nos benefícios terapêuticos do CBD, um composto derivado da cannabis. Sua influência sobre o sistema endocanabinoide, que desempenha um papel fundamental na regulação neuronal, posiciona o CBD como um potencial anticonvulsivante.

Estudos clínicos, especialmente em síndromes como Lennox-Gastaut e Dravet, revelaram resultados notáveis. O Epidiolex, uma formulação de CBD, obteve aprovação regulamentar para casos de crises convulsivas refratárias, indicando sua eficácia e segurança em condições específicas.

Os benefícios do CBD vão além da redução da frequência de crises convulsivas. Mecanismos ainda em estudo sugerem que o CBD modula vias neuronais, aliviando sintomas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

 

Campanha “Epilepsia em foco”

O Mais Alívio, em parceria com a Ease Labs, se uniu à campanha global do Março Roxo e criou a campanha “Epilepsia em Foco”, uma iniciativa que visa promover uma série de ações educativas sobre a epilepsia. Estas ações vão desde a conscientização sobre a doença até o acolhimento de familiares de pessoas diagnosticadas, reforçando nosso compromisso em apoiar a comunidade e destacando a importância da solidariedade e do acesso à informação de qualidade.

Epilepsia em Foco, uma campanha do Mais Alívio e Ease Labs para lembrar, aprender, apoiar e transformar vidas. Siga a gente no Instagram para acompanhar