No Brasil, cerca de 60 milhões de pessoas relatam sentir dor de forma crônica, de acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED). Além disso, dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil) apontam que 37% da população acima de 50 anos é diagnosticada com dor crônica.
A manifestação de dores repetitivas e constantes nem sempre se reflete em um diagnóstico de “dor crônica”. No entanto, a busca por um diagnóstico completo é o primeiro passo para a identificação de doenças que comprometem a qualidade de vida, como a fibromialgia.
O que é dor crônica?
Chama-se dor crônica aquela que:
- persiste ou acontece por um período maior que 3 meses; ou
- persiste por mais de 1 mês, mesmo após a resolução da lesão; ou
- acompanha uma lesão que não se cura.
Embora possam se manifestar de forma aguda, as dores crônicas nem sempre serão classificadas dessa maneira. Igualmente, dores agudas, mas pontuais (como as de crise renal, cólica menstrual, torçoes ou queimaduras), também não serão consideradas crônicas.
As dores crônicas podem ser causadas por doenças duradouras ou sem cura, como o câncer, a artrite reumatóide ou a fibromialgia. Por outro lado, podem ser resultado de lesões que causam alterações no sistema nervoso, gerando a sensação persistente de dor.
Independentemente da sua causa, as dores crônicas são suscetíveis a fatores psicológicos. Assim, a depressão e a ansiedade podem piorar piorar quadros de dor, fazendo com que pareçam desproporcionais ao problema identificado inicialmente.
Tipos de dores crônicas
As dores crônicas podem ser divididas em três tipos principais: as nociceptivas, as neuropáticas e as nociplásticas. No entanto, também pode haver a manifestação de mais de um tipo ao mesmo tempo (dor mista).
Dores nociceptivas
As dores crônicas nociceptivas são aquelas ocasionadas por lesões que acometem estruturas específicas do corpo. São consideradas o tipo mais frequente e ocorrem sobretudo em terminações livres dos nervos.
Alguns exemplos comuns são as dores musculoesqueléticas (como a dor lombar ou cervical), a insuficiência vascular periférica e a dor causada por metástases ósseas.
As características incluem a sensação de dor profunda, em peso, além da sensação de pontadas, apertos, latejamento ou tensão.
Dores neuropáticas
Dores crônicas neuropáticas são aquelas relacionadas a lesões nos nervos. Quando ocorre em apenas um trajeto nervoso, é chamada mononeuropatia; quanto atinge vários nervos, polineuropatia.
Os sinais se manifestam através de uma sensação de incômodo muito evidente, que pode ser intermitente (isto é, acontece em crises) ou contínua. Os sintomas podem incluir sensação de choque, agulhadas, queimação ou formigamento.
Exemplos de dores crônicas neuropáticas incluem a diabetes, a hanseníase e doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla.
Dores nociplásticas
As dores nociplásticas são caracterizadas pela hipersensibilidade. Além disso, acontecem mesmo quando não há lesão real — ou seja, não houve um trauma que ocasionasse lesões nervosas. O maior exemplo é a fibromialgia, uma condição de saúde que afeta o sistema nervoso central e aumenta a sensibilidade para a dor.
Os sinais incluem a sensação de peso, tensão e dolorimento do corpo. Na fibromialgia, é comum que a dor seja paralisante e duradoura.
Como é feito o diagnóstico de dores crônicas?
O diagnóstico é composto por diferentes etapas:
- Exame físico: É o primeiro exame a ser realizado e segue uma rotina normal, incluindo a inspeção, apalpação, marcha, testes especiais e exame neurológico. Quando há muito sofrimento, pode se tornar mais complexo, fazendo com que o médico responsável busque reações espontâneas do paciente.
- Questionário médico: Visa identificar o nível de dor do paciente. Pode incluir um questionário para diagnóstico ou escalas já conhecidas, como a LANSS.
- Exames complementares: A depender do caso, podem ser solicitados exames laboratoriais, radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonâncias e outros exames que visem apresentar um panorama mais detalhado do quadro de cada paciente.
Tratamento para dores crônicas
Os tratamentos para as dores crônicas variam de acordo com os sintomas, o diagnóstico final e o estágio da doença. Seu principal objetivo é reduzir o sofrimento e melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
Tratamentos não medicamentosos abrangem técnicas para o controle da dor e incluem diferentes medidas educacionais, físicas, emocionais e comportamentais. Por isso, podem incluir a participação em programas educativos, atividades físicas, terapia cognitivo-comportamental, acupuntura, entre outros.
Já os tratamentos medicamentosos costumam desempenhar um papel importante no controle da dor. A combinação de diferentes medicamentos permite uma atuação mais global. Em geral, esses tratamentos variam de acordo com o tipo de dor crônica:
- Para a dor nociceptiva, costumam ser recomendados opióides e antiinflamatórios não-esteróides, como o ibuprofeno, o paracetamol, a morfina e a metadona.
- Para a dor neuropática, o tratamento envolve o uso de medicamentos adjuvatntes analgésicos, como anticonvulsivantes e antidepressivos, além de inibidores seletivos de recaptação de serotonina e norepinefrina (ISRSN).
- Para a dor nociplástica, recomenda-se o uso de ISRSN, gabapentinoides e ADTs. O uso de opioides e relaxantes musculares não costuma ser recomendado.
Outras formas de tratamento da dor
Estudos recentes vêm apontado o potencial benéfico do uso de substâncias à base de cannabis sativa para o tratamento da dor crônica. Dentre as possíveis vantagens, destaca-se:
- Alívio da ansiedade: Sintomas neurológicos, como a aneisade e a depressão, podem piorar os quadros de dores crônicas. Medicamentos à base de cannabis são reconhecidos por ajudar no alívio desses sintomas, melhorando a qualidade de vida em geral.
- Melhora da qualidade do sono: A sensação recorrente de dor afeta todas as áreas da vida, inclusive o sono. O uso de medicamentos à base de cannabis é uma maneira de regular esse etapa.
- Potencialização de efeitos: Medicamentos à base de cannabis também são reconhecidos por potencializar os efeitos de outros analgésicos, atuando de forma conjunta para a melhoria da qualidade de vida.
- Baixos efeitos colaterais e contraindicações: Estudos mostram que medicamentos à base de cannabis apresentam menos efeitos colaterais graves, além de terem menos contraindicações. Assim, também podem reduzir as chances de abandono do tratamento.
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