Diagnóstico de Epilepsia: como identificar e quais exames são necessários?

A epilepsia é uma condição neurológica caracterizada por episódios de atividade cerebral anormal (conhecidos como “crises epilépticas”) que podem se manifestar de diversas formas. Embora atinja mais de 50 milhões de pessoas ao redor do mundo, o diagnóstico da epilepsia é um processo complexo e que requer uma série de exames.

Pensando nisso, a equipe do Mais Alívio preparou um conteúdo completo sobre o tema, no qual você entende em detalhes como esse processo acontece. Continue lendo para saber mais.

Como é feito o diagnóstico da epilepsia?

Diagnosticar a epilepsia é um processo complexo. O primeiro passo para o diagnóstico geralmente se dá durante a anamnese médica, quando o profissional de saúde investiga o histórico do paciente, incluindo a frequência, duração e características das crises epilépticas.

Durante esse processo, o auxílio de uma testemunha ocular pode fazer toda a diferença, já que ela será capaz de descrever a crise em detalhes, incluindo os fatores pré-crise. Informações como idade de início, frequência de ocorrência e intervalos entre as crises também devem ser registrados, se possível.

Em seguida, exames complementares (como o eletroencefalograma e a ressonância magnética, entre outros) são solicitados para avaliar a atividade elétrica cerebral e identificar possíveis alterações estruturais no cérebro. 

É preciso ter em mente que o diagnóstico de epilepsia pode levar tempo. Uma pesquisa identificou que crianças mais jovens, que não recebem atenção médica depois da primeira crise epiléptica, podem demorar mais para serem diagnosticadas, o que impacta negativamente o seu desenvolvimento. Além disso, exige a exclusão de outras condições que possam causar crises semelhantes, como a síncope (perda temporária da consciência causada por uma redução do fluxo sanguíneo ao cérebro) e o transtorno psicogênico não epiléptico (crises similares às da epilepsia, mas que têm origem psicológica).

 

Quais são os profissionais envolvidos no diagnóstico?

O principal responsável pelo diagnóstico e tratamento da epilepsia é o neurologista, uma vez que essa condição de saúde afeta o sistema nervoso. No entanto, também podem estar envolvidos nesse processo:

  • Neurofisiologista: Especialista em exames neurofisiológicos, como o eletroencefalograma (EEG), essencial para identificar anormalidades na atividade cerebral.
  • Neurocirurgião: Quando há necessidade de avaliação cirúrgica para tratar a epilepsia de difícil controle.
  • Psicólogos e psiquiatras: Auxiliam no suporte emocional dos pacientes, especialmente aqueles que apresentam sintomas de ansiedade ou depressão em decorrência da doença.

 

Quais são os exames necessários para o diagnóstico de epilepsia?

Para ampliar a investigação e as características da epilepsia, são realizados três tipos de exames: o exame físico, que busca identificar padrões e características da crise; os exames de imagem, que avaliam o funcionamento do cérebro; e os exames laboratoriais, que auxiliam na identificação do tipo de crise ou epilepsia e na exclusão de outras doenças.

 

Exame físico

O exame físico começa com a anamnese, uma série de perguntas sobre o histórico de saúde do paciente. Em seguida, o profissional médico pede mais informações sobre as crises em si, levando em consideração acontecimentos pré-crise e pós-crise.

Nesse momento, é fundamental falar da crise epiléptica em detalhes. Informações fundamentais incluem a duração, o comportamento da pessoa durante a crise (se há perda de consciência, incontinência, língua mordida etc.), o intervalo entre uma crise e outra e até a frequência com que as crises acontecem. 

 

Exames de imagem

Os exames de imagem auxiliam no diagnóstico de epilepsia por possibilitarem a investigação do comportamento do cérebro. Os mais comuns são:

  • Eletroencefalograma (EEG): Registra a atividade elétrica do cérebro e pode identificar padrões característicos da epilepsia.
  • Ressonância Magnética (RM): Permite visualizar detalhes da estrutura cerebral e identificar possíveis anormalidades, como tumores, lesões ou malformações.
  • Tomografia Computadorizada (TC): É utilizada para detectar alterações estruturais no cérebro que possam estar relacionadas às crises epilépticas.
  • Monitoramento por vídeo-EEG: Combina o eletroencefalograma com gravação de vídeo para analisar as crises e ajudar no diagnóstico diferencial.

 

Exames laboratoriais

Os exames laboratoriais podem ser solicitados para descartar causas metabólicas ou infecciosas para as crises. Nesses casos, pode-se investigar a presença de:

  • Distúrbios metabólicos: Hipoglicemia (níveis baixos de glicose no sangue), hiperglicemia (níveis elevados de glicose), hiponatremia (baixo nível de sódio) e hipocalcemia (baixo nível de cálcio) podem desencadear crises convulsivas.
  • Infecções do sistema nervoso central: Meningite e encefalite podem causar sintomas neurológicos, incluindo crises, e são identificadas por exames como hemograma e análise do líquor (líquido cefalorraquidiano).
  • Intoxicações e uso de substâncias: O uso excessivo de álcool, abstinência de substâncias ou intoxicação por drogas e medicamentos podem provocar convulsões. Exames toxicológicos ajudam a identificar essas causas.
  • Doenças autoimunes e inflamatórias: Algumas condições, como encefalite autoimune, podem causar crises convulsivas e são diagnosticadas por exames de marcadores inflamatórios e autoanticorpos.
  • Insuficiência renal ou hepática: Problemas graves no fígado ou rins podem levar ao acúmulo de toxinas no sangue, resultando em crises convulsivas. Exames de função hepática (TGO, TGP) e função renal (ureia, creatinina) ajudam a identificar essas alterações.

 

Quais são os CIDs para epilepsia?

O Código Internacional de Doenças (CID 10) classifica a epilepsia de diferentes formas, a depender da causa, tipo de crise e características específicas. 

De modo geral, essas variações são englobadas no CID G40, de epilepsia e síndromes epilépticas, e divididas da seguinte maneira:

  • G40.0 – Epilepsia e síndromes epilépticas idiopáticas com crises generalizadas: Engloba epilepsias sem causa conhecida, com crises que afetam todo o cérebro.
  • G40.1 – Epilepsia e síndromes epilépticas idiopáticas com crises focais (ou parciais): Diz respeito às crises originadas em uma área específica do cérebro, sem lesões aparentes.
  • G40.2 – Epilepsia e síndromes epilépticas sintomáticas com crises generalizadas: Refere-se à epilepsia causada por uma lesão ou condição subjacente, afetando ambos os hemisférios cerebrais.
  • G40.3 – Epilepsia e síndromes epilépticas sintomáticas com crises focais (ou parciais): Ocorre devido a uma lesão cerebral identificável, como trauma ou AVC, gerando crises em uma área específica do cérebro.
  • G40.4 – Epilepsia e síndromes epilépticas idiopáticas não especificadas: Para casos que não se enquadram nas categorias anteriores, mas que são considerados idiopáticos.
  • G40.5 – Síndromes epilépticas especiais: Inclui epilepsia febril e outras síndromes ligadas a fatores específicos.

 

Se a pessoa apresenta crises epilépticas prolongadas ou repetidas, sem recuperação da consciência entre elas, pode ser conferido ainda o CID G41.

Antes do diagnóstico fechado, porém, é possível receber um CID temporário, como o CID R56.8, usado quando um paciente apresenta crises convulsivas, mas ainda não há confirmação de epilepsia.

É importante ter em mente que a classificação correta contribui para a definição de um tratamento mais acertado, com medicamentos para epilepsia que têm maior potencial de sucesso. 

 

Perguntas frequentes sobre o diagnóstico de epilepsia

 

Epilepsia e convulsão são a mesma coisa?

Não. A convulsão é um sintoma que pode ser causado por diferentes condições de saúde, como febre alta, traumas ou alterações metabólicas. A epilepsia, por sua vez, é uma doença caracterizada por crises epilépticas recorrentes, que podem ou não envolver convulsões.

 

Epilepsia pode matar?

A epilepsia em si não é fatal, mas algumas situações associadas a ela podem representar riscos. Crises prolongadas podem ser perigosas se não tratadas rapidamente. Além disso, crises podem levar a acidentes, como quedas ou afogamentos, dependendo do contexto em que ocorrem. 

Por isso, é fundamental seguir o tratamento para epilepsia definido em conjunto com a equipe de saúde e ter acompanhamento médico.

 

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Campanha “Epilepsia em foco”

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