Crises de agressividade no autismo: o que fazer? como evitar?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno cognitivo que afeta o funcionamento do cérebro e pode ocasionar atraso ou dificuldade de fala, incômodos sensoriais e, em alguns casos, a agressividade.

Embora nem todas as crianças diagnosticadas com TEA manifestem esse tipo de comportamento, em alguns casos a agressividade é um sinal de alerta. Por isso, é fundamental que familiares e educadores saibam como evitar crises e como lidar com elas.

 

O que gera o comportamento agressivo em autistas?

Não existem fatores sociodemográficos que impactem diretamente na manifestação do comportamento agressivo em pessoas com TEA. No entanto, alguns aspectos ambientais podem contribuir para o aparecimento das crises. São eles:

  • Sobrecarga sensorial: ambientes com barulhos altos, luzes fortes ou texturas desconfortáveis podem sobrecarregar os estímulos sensoriais das pessoas com autismo;
  • Dificuldades comunicativas: nos casos em que a pessoa com TEA tem mais dificuldade para se comunicar, ou não consegue se expressar como gostaria, pode haver um excesso de frustração que desencadeia a crise;
  • Mudanças bruscas na rotina: para pessoas autistas, mudanças no ambiente familiar ou na rotina podem causar altos níveis de ansiedade e estresse;
  • Dificuldades na regulação emocional: autistas também podem ter mais dificuldades para identificar e regular as próprias emoções, o que leva a reações mais explosivas.

 

Apesar de essas serem algumas das causas mais comuns para o comportamento agressivo em pessoas com TEA, é importante ter em mente que o autismo se manifesta de modo individualizado. Assim, é fundamental que haja acompanhamento da criança por profissionais de saúde e que a família e educadores estejam atentos a eventos que desencadeiam essas crises em cada autista

 

Como identificar uma crise de agressividade no TEA?

As crises de agressividade podem ser causadas por diferentes fatores, a depender do comportamento da criança, do seu grau de autismo e dos estímulos externos aos quais ela foi submetida. Uma vez que essa manifestação pode ser multifatorial, é fundamental aprender a identificar eventos que levam às crises. 

Para isso, é preciso observar o comportamento da criança durante a crise de agressividade. Nesse sentido, verifique se a criança chora, grita, esperneia, se machuca, joga objetos, se joga no chão, puxa fios de cabelo etc. Uma análise mais próxima desses comportamentos ajuda a traçar estratégias eficazes para proteger a criança e as demais pessoas em outras crises.

Outra opção é aplicar a estratégia ABC. A sigla, em inglês, diz respeito a:

  • Antecedent (Antecedente): identifica os fatores que podem ter contribuído para a crise de agressividade. O que a criança estava fazendo ou tentando fazer? Qual era o ambiente em que ela se encontrava? 
  • Behavior (Comportamento): observa os comportamentos da criança durante o momento de crise. Com base nessas informações, é possível identificar quais são as necessidades dessa criança durante essas situações.
  • Consequence (Consequência): identifica os comportamentos adotados para que a criança saísse da crise. O que funcionou? Quais dessas posturas efetivamente ajuda a criança a evitar uma crise futura?

 

O que fazer durante uma crise de agressividade?

Como nem sempre conseguimos prever o que vai causar um pico de ansiedade e estresse na criança, é fundamental conhecer algumas técnicas para conseguir lidar com a crise de forma segura. 

1. Mantenha a calma

Durante a crise de agressividade, o primeiro passo é tentar manter a calma e evitar reações extremas. Lembre-se de que a maioria das crises de agressividade é causada porque a criança apresenta alguma dificuldade — de adaptação, de comunicação ou de regulação emocional — e, portanto, está em um estado de sofrimento. Assim, ao manter a calma, você funciona como um “espelho” para a criança com TEA que precisa se regular.

 

2. Vá para um ambiente seguro

Quando possível, vá com a criança para um ambiente seguro, longe de outras pessoas e onde ela não possa se machucar. Remover objetos perigosos de perto da criança também é importante. 

 

3. Comunique-se com clareza

As crises de agressividade são um momento de alto estresse e ansiedade para a criança com TEA. Por isso, é provável que ela não consiga compreender com clareza o que você diz, e, então, uma comunicação objetiva e direta é a melhor opção. Evite falar muito ou dar instruções complexas, e dê tempo para que a criança consiga processar todas as novas informações. Dicas visuais (como apontar para um objeto ou mimicar o comportamento desejado) podem ajudar.

 

4. Ofereça apoio e compreensão

Mesmo durante o momento de crise, é importante que a criança seja lembrada de que ela está segura e de que você está presente. Como a agressividade pode ser uma resposta a um momento de estresse, esse conforto ajuda a criança a regular as próprias emoções e a, aos poucos, sair da situação de crise.

 

5. Cuidado com o uso de força física

O uso de força costuma não ser recomendado, uma vez que pode aumentar o estresse da criança e piorar a crise de agressividade. No entanto, em alguns casos, pode ser necessário adotar essa técnica para evitar que a criança se machuque. Caso você se encontre nessa situação, lembre-se de conversar com os profissionais médicos da criança depois da crise, para pensarem, juntos, em alternativas.

 

 

Como evitar as crises de agressividade em pessoas com TEA?

As crises de agressividade em pessoas com TEA geram sofrimento não só para a criança diagnosticada, mas também para familiares e educadores. Por isso, adotar medidas preventivas é uma forma segura de evitar que a criança seja submetida a situações de alto nível de estresse, que podem desencadear crises. Veja alguns exemplos:

 

Adaptações ambientais e comportamentais

A construção de uma rotina bem estruturada é o primeiro tipo de adaptação comportamental para evitar crises de agressividade. Quando a criança com TEA sabe o que esperar do seu dia a dia, tem mais chances de lidar melhor com as atividades que desenvolverá, e consegue “se preparar” emocionalmente para elas.

Além disso, evitar ambientes com muitas cores, luzes e barulhos também pode ser uma boa opção. Caso a criança precise frequentar esses espaços, a adaptação deve ser feita aos poucos, respeitando os limites que a própria criança impuser.

 

Terapias

As terapias são indispensáveis para todas as crianças diagnosticadas com autismo, mesmo nos casos em que não há manifestação de agressividade. No entanto, para as crianças que sofrem com as crises, elas são ainda mais importantes, uma vez que trabalham técnicas de adaptação a diferentes ambientes.

Esses conhecimentos fazem com que a criança consiga regular melhor as próprias emoções e não se sinta tão sobrecarregada, o que pode diminuir o número de crises. Além disso, as terapias contribuem para que familiares e educadores reconheçam os sinais de crise e os fatores externos que podem ocasioná-las, gerando, assim, mais segurança para a criança.

 

Uso de medicamentos no controle das crises agressivas

Embora o uso de medicamentos não seja indicado em todos os casos de autismo, quando a agressividade se apresenta como um sintoma recorrente e perigoso, ela pode exigir tratamento farmacológico.

Nesse cenário, é fundamental contar com um profissional de saúde especializado e com uma equipe multidisciplinar, que orientará o melhor momento para o início do tratamento e acompanhará os eventos adversos da medicação. Também é importante ter em mente que o uso de medicamentos exige manutenção recorrente e deve sempre estar associado ao tratamento psicoterápico.

No contexto do tratamento do TEA, a risperidona e o canabidiol são muito utilizados para controlar crises de agressividade e outros comportamentos desafiadores. A risperidona, um antipsicótico atípico, é frequentemente prescrita para reduzir comportamentos agressivos. Já o canabidiol, derivado da Cannabis, é considerado por seu potencial para melhorar aspectos comportamentais e cognitivos devido à sua interação com o sistema endocanabinoide. Ambos os tratamentos, no entanto, devem ser prescritos e supervisionados pelo médico que acompanha o paciente, dada a importância de balancear eficácia e eventos adversos.

Para quem deseja entender mais profundamente como esses medicamentos funcionam e como podem ser integrados ao plano de tratamento de pessoas com TEA, recomendamos a leitura de nosso artigo detalhado sobre tratamento medicamentoso no autismo. Clique aqui e saiba mais!

 

Conheça o Mais Alívio 

O Mais Alívio é uma solução completa para pessoas com TEA que precisam seguir um tratamento medicamentoso. Nele, é possível ter acesso a funcionalidades como:

 

    • Gerenciamento da medicação: lembretes de doses, informações sobre medicamentos e acompanhamento da adesão ao tratamento.
    • Monitoramento da saúde: acompanhamento dos sintomas, sua intensidade e diário de bordo para registro em ambiente seguro dos acontecimentos com o paciente.
    • Conteúdo informativo e confiável: artigos, vídeos e materiais educativos sobre o seu diagnóstico;
    • Navegação do paciente: via WhatsApp, a pessoa com TEA ou seus cuidadores têm acesso a uma equipe de saúde para tirar dúvidas.

 

Além disso, o Mais Saúde tem um programa de parceria ao lado da indústria farmacêutica, que gera descontos em algumas medicações — como no caso de pacientes que fazem tratamentos com o Canabidiol. 

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