Caminhos de Cura: vivendo além das marcas do passado | Campanha de combate ao abuso infantil

De acordo com os dados mais recentes da Fundação Abrinq, a violência sexual afeta majoritariamente crianças e adolescentes no Brasil — o grupo representa 73,8% de todos os casos. Além disso, 68,7% das vezes o abuso acontece no ambiente residencial.

O combate à violência sexual, sobretudo em crianças, não é apenas importante, mas fundamental. Por isso, o Mais Alívio decidiu se alinhar às campanhas de combate e conscientização sobre o abuso infantil, lançando luz não apenas sobre as medidas preventivas, mas também sobre tudo aquilo que procede o abuso.

Quais são as consequências dessa violência para as crianças nos anos seguintes? Como isso pode impactar suas relações amorosas, sua saúde mental e sua vida de modo geral no futuro? É possível superar esse abuso? Quais ferramentas auxiliam nesse processo? Para responder a essas perguntas e conhecer mais sobre a campanha Caminhos de Cura, basta continuar lendo. Mas antes convidamos você a assistir ao vídeo da nossa campanha.

 

 

 

Quais são as consequências do abuso infantil?

O abuso infantil pode ser processado de diferentes maneiras, de modo que não é possível determinar exatamente como ele afetará a vida da pessoa. No entanto, é inegável que crianças e adolescentes vítimas de violência sexual tenham o seu desenvolvimento psíquico comprometido.

As pesquisas na área da psicologia apontam que, durante a infância e a adolescência, é comum que as vítimas de abuso apresentem mudanças na autoestima, além de comportamentos agressivos e autodestrutivos. Também costumam perder o interesse pelo brincar e pelos estudos, ficar mais isoladas e ter mais dificuldades para se concentrar. Outros desvios de conduta — como mentiras, roubos, uso de violência, consumo de substâncias, fugas de casa e mesmo ideações suicidas — também podem acontecer.

Os efeitos da violência sexual em crianças e adolescentes não afetam, contudo, apenas esse estágio da sua vida. Na verdade, as sequelas tendem a acompanhá-los ao longo do seu desenvolvimento, podendo afetar suas relações sociais, sexuais, físicas e psíquicas.

 

Como os efeitos do abuso infantil se manifestam na vida adulta?

A principal consequência desse trauma se manifesta a partir do aparecimento de transtornos mentais, como a ansiedade, a depressão e a presença de comportamentos autodestrutivos. O transtorno de estresse pós-traumático, por exemplo, costuma ser desenvolvido por cerca de 57% das vítimas.

Outra consequência comum está associada aos sentimentos de vergonha, culpa, incompreensão e dificuldade para determinar o que é ou não real. Essas sensações contribuem para o isolamento e dificultam a socialização.

Algumas pesquisas apontam, ainda, que a pessoa pode desenvolver perturbações no sono, distúrbios alimentares e dificuldades para se relacionar novamente, questões que afetam o dia a dia e impedem uma vida cotidiana saudável.

 

Como lidar com as consequências do abuso infantil no dia a dia?

Para além dos tratamentos convencionais para pessoas que sofreram abuso infantil, a adoção de algumas práticas é recomendada para mitigar os efeitos dessa violência na vida cotidiana na saúde mental. Abaixo, separamos algumas delas. Confira!

Faça atividades físicas

O exemplo mais comum é a realização de atividades físicas de modo recorrente (isto é, pelo menos três vezes na semana) e por no mínimo 40 minutos. A prática de exercícios ajuda a controlar transtornos como a ansiedade e a depressão, estimula a liberação de hormônios que aumentam a sensação de bem-estar e é uma aliada na recuperação da autoestima.

Tenha uma rotina

Ter uma rotina equilibrada também é essencial para manter a saúde mental em dia. É comum que vítimas de abuso duvidem da sua própria capacidade e valor e, como consequência, passem muito tempo se dedicando exclusivamente ao trabalho ou aos estudos, como uma forma de “provar” que são boas o suficiente.

No entanto, esse comportamento pode aumentar os níveis de estresse e afetar ainda mais a autoestima. Por isso, a criação de uma rotina que inclua lazer, tempo para as refeições, encontros com os amigos e familiares e boas noites de sono é fundamental. Desse modo, a pessoa cria espaço para se sentir bem consigo mesma e para reforçar laços afetivos positivos.

Mantenha a mente ocupada

Construir um cotidiano saudável pode ser mais desafiador para quem foi vítima de um abuso durante a infância. No entanto, manter a mente ocupada é uma maneira eficaz de ajudar essa pessoa a lidar melhor com o dia a dia e com os pensamentos intrusivos que lembram da situação de trauma vivida.

Com isso, não queremos dizer que o ideal é estar sempre trabalhando ou estudando, e sim que desenvolver um hobby é essencial. Ler, jogar videogames, escrever, sair com os amigos, praticar um esporte, dançar, tricotar… A lista é imensa, e ter uma válvula de escape saudável que te deixe mais feliz e relaxado pode fazer toda a diferença, sobretudo nos dias mais difíceis.

 

Conheça técnicas de relaxamento

O acompanhamento com um profissional de psicoterapia é fundamental para adultos que lidaram com a violência sexual durante a infância. No entanto, em momentos de crise, conhecer algumas técnicas de relaxamento já pode te ajudar a ficar mais calmo e atravessar as situações com mais segurança.

Um exemplo que costuma ajudar é a técnica 4-7-8. Nela, você deve:

  1. Inspirar contando até 4;
  2. Prender a respiração enquanto conta até 7;
  3. Soltar a respiração enquanto conta até 8.

 

Outra técnica interessante é a de focar nos seus cinco sentidos. Assim, pergunte-se: o que você consegue sentir com as mãos? O que você consegue cheirar? Qual som você ouve? Você sente gosto de alguma coisa? O que você vê? Dessa maneira, você consegue ficar mais “presente” no ambiente e focar o pensamento em situações reais, o que pode ajudar a reduzir a crise.

 

Como tratar a pessoa que sofre com o abuso na infantil?

O tratamento da vítima de violência sexual na infância dependerá das consequências que o abuso trará para essa pessoa. Em geral, no entanto, a psicoterapia e o acompanhamento psiquiátrico são recomendados.

Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos para ansiedade, depressão ou outros transtornos psíquicos. A automedicação, porém, não deve ser realizada, a melhor opção é procurar ajuda profissional.

Lembre-se: é possível superar o trauma da violência sexual.

 

É possível prevenir o abuso infantil de acontecer?

Sim, algumas medidas de prevenção podem e devem ser tomadas para evitar que o abuso aconteça. A principal delas é estimular a conversa sobre esse assunto com crianças e adolescentes.

Familiares, educadores e pessoas que costumam conviver com crianças e adolescentes podem adotar estratégias distintas para abordar o tema. Desde livros, vídeos educativos e matérias de jornal (no caso de crianças) até o debate aberto sobre o tema (no caso de adolescentes), o mais importante é ressaltar a importância da denúncia e reforçar que a criança/o adolescente, não têm culpa.

Além disso, vale a pena lembrar que, embora o maior número de casos de abuso aconteça com meninas e mulheres jovens, o abuso infantil em meninos também existe e deve ser combatido. As vítimas masculinas têm mais dificuldades para falar sobre a violência sofrida — uma consequência direta do machismo e dos estereótipos de masculinidade — e, por isso, é fundamental estimular a conversa e fazer com que eles também se sintam seguros e confortáveis para conversar com outras pessoas.

 

Saiba como denunciar o abuso infantil

A denúncia é a única maneira de mudar o cenário da violência sexual. Lembre-se: quem fica em silêncio é cúmplice do abusador. Por isso, use um dos canais abaixo para denunciar casos de abuso infantil.

  •     Canal de denúncia anônima do Governo Federal: Basta discar 100 do seu telefone.
  •     Conselhos tutelares: Para tirar uma criança da situação de violência, mesmo que seja apenas uma suspeita, você pode entrar em contato com o conselho tutelar da sua região.
  •     Delegacias de polícia: Para denunciar, você também pode se dirigir a uma delegacia. O ideal é que, se possível, seja uma delegacia de proteção à mulher ou às crianças e adolescentes.
  •     Centro de proteção à vida: Se você já foi vítima de violência ou abuso e tem pensamentos autodestrutivos ou suicidas, disque 188 e fale com alguém que pode te ajudar.

 

Caminhos de Cura: além das marcas do passado

A campanha Caminhos de Cura, do Mais Alívio, tem como objetivo auxiliar no combate e na prevenção do abuso e da exploração sexual infantil.

O nosso foco é a busca da cura e do tratamento dos traumas que acompanham as vítimas de abuso até a vida adulta e podem comprometer diferentes áreas de desenvolvimento: cognitiva, emocional, comportamental, física, social etc.

Para além de conteúdos sobre o tema, também incentivamos que pessoas que precisam de um espaço seguro para falar sobre seus sentimentos entrem em contato com os nossos canais de acolhimento:

  •     E-mail: acolhimento@maisalivio.com
  •     WhatsApp: (31) 99073-3933

Para continuar acompanhando a nossa campanha, conheça o Instagram do Mais Alívio.