Clobazam e valproato de sódio: qual a relação desses medicamentos com a epilepsia?

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por descargas neuronais excessivas e síncronas em circuitos cerebrais específicos, resultando em manifestações clínicas variadas, como crises convulsivas, alterações de consciência ou fenômenos motores/sensoriais. O seu tratamento pode incluir o uso de diferentes terapias, sendo a medicação a opção mais comum e com melhores resultados.

Neste artigo, explicamos o papel de dois fármacos no tratamento da epilepsia: o clobazam e o valproato de sódio. Continue lendo para saber mais!

 

Quais medicamentos são usados no tratamento da epilepsia?

O manejo eficaz da epilepsia envolve geralmente o tratamento medicamentoso, a partir do uso de anticonvulsivantes. Seu principal objetivo é prevenir ou reduzir a frequência e a intensidade das crises. 

A escolha do medicamento para epilepsia adequado depende de diversos fatores, incluindo o tipo de crise epiléptica, a idade do paciente, condições de saúde coexistentes e possíveis interações medicamentosas. Dentre as diversas opções possíveis, apresentam-se o Valproato de Sódio e o Clobazam, que têm sido amplamente pesquisados e prescritos.

 

Valproato de sódio

O valproato de sódio é um anticonvulsivante de amplo espectro, eficaz no tratamento de diversos tipos de crises epilépticas. Pesquisas destacam que ele é uma das principais escolhas para o tratamento, recomendado principalmente para epilepsias generalizadas idiopáticas, como a epilepsia mioclônica juvenil e a epilepsia de ausência.

Seu mecanismo de ação envolve o aumento dos níveis do neurotransmissor inibitório ácido gama-aminobutírico (GABA) — responsável pelo relaxamento e pela diminuição da sensação de ansiedade e estresse — no cérebro. Além disso, o valproato de sódio ajuda com efeitos secundários sobre canais iônicos de sódio e cálcio, estabilizando a atividade neuronal. 

Este medicamento é frequentemente utilizado como primeira linha de tratamento para epilepsias generalizadas idiopáticas. No entanto, é essencial monitorar os pacientes devido a possíveis efeitos colaterais, como ganho de peso, tremores e, raramente, hepatotoxicidade (ou seja, danos ao fígado).  Além disso, devido ao alto risco de defeitos do tubo neural, malformações congênitas e comprometimento cognitivo fetal, o uso do valproato deve ser evitado em mulheres em idade fértil, a menos que não existam alternativas viáveis.

 

Clobazam

O clobazam é um medicamento, da classe dos benzodiazepínicos, que atua no sistema nervoso central e possui propriedades ansiolíticas e anticonvulsivantes.

Ele é utilizado como terapia adjuvante no tratamento de epilepsias. Estudos mostram que o clobazam é particularmente recomendado para o tratamento de síndromes epilépticas graves, como a síndrome de Lennox-Gastaut, especialmente quando há crises tônico-clônicas e atônicas.

Sua ação principal ocorre através da modulação positiva dos receptores GABA-A, que controlam as transmissões inibitórias no sistema nervoso central. Assim, aumentam a inibição neuronal e, consequentemente, reduzem a excitabilidade que leva às crises epiléticas

Contudo, devido ao potencial de tolerância e dependência associado aos benzodiazepínicos, o uso do clobazam deve ser cuidadosamente monitorado. Além disso, sua prescrição deve considerar a relação risco-benefício para cada paciente.

 

Outros medicamentos

Além do valproato de sódio e do clobazam, diversos outros anticonvulsivantes podem ser usados a partir do diagnóstico de epilepsia

A escolha do fármaco ideal, no entanto, depende de fatores associados ao histórico médico e ao tipo de epilepsia do paciente. 

São exemplos:

  • Carbamazepina: Eficaz no tratamento de crises parciais e tônico-clônicas generalizadas, atua bloqueando canais de sódio dependentes de voltagem.
  • Lamotrigina: Utilizada em crises parciais e generalizadas, sua ação envolve a inibição da liberação de glutamato e o bloqueio de canais de sódio.
  • Levetiracetam: Indicado para crises parciais e mioclônicas, possui um mecanismo de ação distinto, ligando-se à proteína SV2A das vesículas sinápticas.
  • Topiramato: Eficaz em múltiplos tipos de crises, atua através de múltiplos mecanismos, incluindo a modulação de canais iônicos e receptores de neurotransmissores.

 

Tratamento de epilepsia: posso optar pelo canabidiol?

“Sim. O canabidiol (CBD), um dos principais compostos não psicoativos da planta Cannabis sativa, tem ganhado destaque como opção terapêutica para epilepsias refratárias, especialmente em síndromes como a de Dravet e Lennox-Gastaut. Nesses dois últimos casos, a eficácia do tratamento foi comprovada por pesquisas clínicas, e há um medicamento aprovado pelo FDA chamado Epidiolex, na concentração de CBD isolado de 100 mg/mL.

O uso do canabidiol para o tratamento de outras síndromes epiléticas já vem sendo documentado em diferentes estudos. 

Um estudo observou que o uso de canabidiol em doses de 10 a 20 miligramas por quilo por dia também reduziu significativamente a frequência de crises epilépticas em adultos e crianças. Outra pesquisa observou resultados similares, inclusive destacando que o CBD pode ser usado em associação com o clobazam.

As vantagens desse tipo de tratamento também incluem a baixa incidência de efeitos adversos, uma vez que o canabidiol não provoca irritabilidade, nem oscilações de humor. Por fim, as substâncias podem proporcionar:

  • Melhor qualidade do sono;
  • Melhora da alimentação;
  • Maiores chances de desenvolvimento comportamental, ao reduzir o número de crises, sobretudo em pacientes com crises recorrentes;
  • Melhora da saúde mental, em geral, já que possuem efeitos ansiolíticos.

 

Como melhorar a eficácia do tratamento para epilepsia?

Entemos que o clobazam e valproato de sódio, são um dos principais tratamento para epilepsia, mas manter a adesão ao tratamento também é essencial para o controle eficaz da epilepsia e garantir uma melhor qualidade de vida. A interrupção do uso dos medicamentos, especialmente nesses casos, pode levar a crises mais intensas, aumentar uma resistência aos fármacos ao longo do tempo e aumentar os riscos de hospitalização.

Para evitar complicações graves, contar com um programa de suporte ao paciente, como o Mais Alívio, pode fazer toda a diferença. Através do nosso aplicativo, os pacientes recebem apoio contínuo e têm acesso a diversas funcionalidades que auxiliam no acompanhamento do tratamento, incluindo:

  • Gestão da medicação: Alertas para horários das doses, informações detalhadas sobre os medicamentos e monitoramento da adesão ao tratamento.
  • Acompanhamento da saúde: Registro de sintomas e sua intensidade, além de um diário para anotações seguras sobre crises e outros eventos relevantes.
  • Conteúdo educativo e confiável: Artigos, vídeos e materiais informativos para esclarecer dúvidas sobre a condição.
  • Programa de vantagens: Descontos na compra de medicamentos e serviços de saúde, tornando o tratamento mais acessível e sustentável.

 

Ou seja: com o Mais Alívio, os pacientes têm mais segurança e controle sobre sua rotina de cuidados, reduzindo riscos e promovendo uma melhor qualidade de vida. Baixe o nosso aplicativo e confira as vantagens!

 

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