O tratamento medicamentoso do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda enfrenta diversos desafios. Afinal, os fármacos utilizados são, em sua maioria, prescritos de forma off-label, ou seja, não foram desenvolvidos especificamente para o autismo.
Dessa maneira, além da eficácia limitada, também podem ser observados efeitos colaterais significativos, como ganho de peso, sonolência excessiva, irritabilidade ou alterações metabólicas. Diante disso, a Cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa terapêutica mais natural e com menor risco de reações adversas.
O que é a Cannabis medicinal?
O uso medicinal da Cannabis tem sido amplamente pesquisado nas últimas décadas, com evidências crescentes sobre suas propriedades terapêuticas em diversas condições neurológicas e psiquiátricas.
Nos Estados Unidos, o medicamento Epidiolex, à base de canabidiol (CBD), foi aprovado pela FDA para o tratamento de síndromes epilépticas de difícil controle, como Dravet, Lennox-Gastaut e esclerose tuberosa, representando um avanço significativo na terapêutica de epilepsias refratárias.
A planta Cannabis sativa contém mais de 100 canabinoides, mas os dois compostos com maior relevância clínica são:
- Canabidiol (CBD): Não psicoativo, com propriedades ansiolíticas, antiepilépticas e anti-inflamatórias.
- Tetraidrocanabinol (THC): Psicoativo, mas em doses controladas pode ter efeito terapêutico, especialmente para dor, sono e apetite.
Essas substâncias vêm sendo utilizadas no tratamento de diferentes transtornos e condições de saúde. Alguns exemplos comuns, além do autismo, são o uso de canabidiol para a epilepsia, a dor crônica (como a fibromialgia) e o Alzheimer.
Cannabis no tratamento do autismo: para que serve?
Os produtos à base de Cannabis vêm se tornando uma opção para o tratamento do TEA graças à ação dos canabinoides no sistema nervoso. Esse uso auxiliaria na melhora de sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida de pessoas com autismo, como a agressividade, a hiperatividade, os distúrbios de sono etc.
Pesquisas¹ apontam que o uso do canabidiol (CBD) tem efeitos neuroprotetores relevantes para dependência, cognição e afeto. Além disso, tem baixa toxicidade, o que reduz os riscos ao paciente. Um estudo retrospectivo 2 avaliou a eficácia do CDB em crianças com TEA apresentou resultados promissores: 61% dos indivíduos tiveram melhora nos surtos comportamentais e 47% melhoraram muito a comunicação e os sintomas de ansiedade.
Além disso, uma revisão³ de diferentes pesquisas sobre o uso do CBD em pessoas com TEA também apontou que essa substância pode ser vista como uma opção promissora. Além da melhora de diferentes sintomas nos indivíduos, também foram observados efeitos colaterais leves ou transitórios, como sonolência e falta de apetite.
Leia também: Tratamento medicamentoso no autismo: quando iniciar e o que levar em consideração
O que esperar do uso da Cannabis no tratamento do autismo?
O transtorno do espectro autista não se trata de uma doença e, portanto, não pode ser curado. No entanto, o uso da Cannabis no tratamento do autismo com substâncias — como o CBD e o THC — favorecem a melhora de sintomas e, consequentemente, da qualidade de vida.
Nesse sentido, pode-se esperar como resultados:
- Redução de crises de irritabilidade;
- Diminuição da necessidade de múltiplas medicações;
- Aumento da concentração e da capacidade de interação social.
Uma revisão4 de 18 estudos sobre o uso de canabidiol como tratamento para o autismo observou que o CDB teve um amplo uso como ansiolítico e antipsicótico, além de apresentar melhorias na parte comportamental e social. Por fim, causou efeitos colaterais leves, que não atrapalharam a qualidade de vida.
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Referências bibliográficas
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LIMA, Maria; VALENÇA, Marcelo; MACHADO, Carlos et al. Uso da Cannabis medicinal e autismo. Jornal Memorial da Medicina, v. 2, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.jornalmemorialdamedicina.com/index.php/jmm/article/view/29.
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ARAN, Adi; CASSUTO, Hanoch; LUBOTZKY, Asael et al. Brief Report: Cannabidiol-Rich Cannabis in Children with Autism Spectrum Disorder and Severe Behavioral Problems-A Retrospective Feasibility Study. J Autism Dev Disord, v. 49, n. 3, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30382443/.
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MINELLA, Flávia; LINARTEVICHI, Vagner. Efeitos do canabidiol nos sinais e comorbidades do transtorno do espectro autista. Research, Society and Development, v. 10, n.10, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18607.
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4. ABREU, Rafaella; PASSOS, Marco. O uso de canabidiol como tratamento do autismo. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 6, n. 12, 2023. Disponível em: http://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/525.