O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que impacta a comunicação, a interação social e o comportamento. Por muito tempo, o autismo foi estudado e diagnosticado com base em padrões masculinos, o que contribuiu para a invisibilidade do autismo em mulheres. Hoje, sabemos que o autismo feminino possui características únicas que desafiam os modelos tradicionais de diagnóstico.
Neste artigo, exploramos as principais diferenças na manifestação do autismo em mulheres, os desafios do diagnóstico tardio, a questão da camuflagem social e as estratégias para oferecer um suporte mais inclusivo e respeitoso.
Como o autismo se manifesta em mulheres?
Embora compartilhem dos critérios diagnósticos tradicionais, mulheres autistas tendem a manifestar os traços do TEA de maneira diferente dos homens. Essa diferença tem origem em fatores biológicos, sociais e culturais.
Entre as características do autismo em mulheres, podemos destacar:
- Maior habilidade em imitar comportamentos sociais;
- Interesse intenso por temas considerados “socialmente aceitos” (ex.: animais, arte, literatura);
- Uso de roteiros sociais memorizados para interações;
- Dificuldade em manter relações de amizade, apesar de buscar interações;
- Maior vulnerabilidade a transtornos de ansiedade e depressão;
- Alto grau de perfeccionismo e autocobrança.
Essa expressão “atenuada” — que muitas vezes é interpretada como timidez, introversão ou traço de personalidade — contribui para a dificuldade de diagnóstico de autismo em mulheres.
Por que o autismo feminino é invisibilizado?
A invisibilidade do autismo feminino é resultado de uma combinação de fatores:
- Padrões de diagnóstico masculinos: Estudos clínicos iniciais focaram quase exclusivamente em meninos;
- Expectativas sociais: Meninas são incentivadas, desde cedo, a serem sociáveis, passivas e “boas meninas”, mascarando traços do TEA;
- Camuflagem social: Mulheres autistas desenvolvem estratégias de imitação e adaptação para se encaixar em padrões sociais, dificultando o reconhecimento do transtorno.
Essa camuflagem no autismo feminino pode gerar um custo emocional altíssimo, culminando em sintomas de esgotamento físico e emocional, conhecidos como burnout autista em mulheres.
O que é a camuflagem social no TEA feminino?
A máscara social no TEA feminino é um fenômeno em que a pessoa autista imita comportamentos considerados “aceitáveis socialmente” para evitar rejeição ou bullying.
Entre os exemplos de camuflagem social no autismo, estão:
- Forçar contato visual desconfortável;
- Memorizar roteiros de conversa;
- Suprimir interesses específicos considerados “diferentes”;
- Reprimir comportamentos de autorregulação (estereotipias).
Embora inicialmente possa facilitar a integração social, o uso prolongado da camuflagem social está associado a consequências sérias para a saúde mental e autismo feminino, como aumento do risco de ansiedade, depressão e ideia suicida.
Diagnóstico tardio no autismo feminino: um desafio
O diagnóstico de autismo em mulheres costuma ocorrer mais tardiamente do que em homens, muitas vezes apenas na vida adulta. Segundo estudos, é comum que mulheres autistas recebam inicialmente diagnósticos de transtornos como depressão, transtorno de ansiedade ou transtorno de personalidade borderline antes que o TEA seja identificado.
Entre os fatores que dificultam o diagnóstico do autismo feminino, estão:
- Menor expressão de comportamentos repetitivos;
- Boa memória social (decoração de regras e scripts);
- Alto nível de verbalização precoce em algumas crianças;
- Menor foco em interesses “diferentes” do padrão social.
Essa diferença de diagnóstico de autismo entre homens e mulheres reforça a necessidade de olhar sensível e atualizado para as características do TEA em meninas e mulheres adultas.
Impactos emocionais do autismo feminino
A pressão social em mulheres autistas é intensa: além das demandas de performance social, existe uma cultura que exige que mulheres sejam comunicativas, empáticas e socialmente engajadas.
Esses fatores elevam o risco de:
- Burnout autista em mulheres;
- Ansiedade social;
- Depressão;
- Isolamento;
- Dificuldades no acesso ao mercado de trabalho;
- Transtornos alimentares.
Autismo em meninas: sinais de atenção
Os sinais do autismo em meninas podem ser mais sutis. Atenção a:
- Intensa preocupação com regras sociais e comportamentos “corretos”;
- Interesse por temas únicos, mas socialmente aceitos (ex.: animais, princesas);
- Dificuldades de manter amizades de longo prazo;
- Preferência por brincar sozinha ou com adultos.
Quanto antes for feito o diagnóstico do autismo feminino, maiores as chances de intervenção precoce e suporte adequado.
Apoio para mulheres com autismo
Promover a inclusão de mulheres autistas é essencial para uma sociedade mais acolhedora. Algumas ações importantes incluem:
- Buscar profissionais de saúde especializados em transtorno do espectro autista (TEA);
- Incentivar a participação em redes de apoio para mulheres com autismo;
- Implementar estratégias de autorregulação sensorial;
- Trabalhar habilidades sociais sem forçar o mascaramento;
- Respeitar o tempo e os limites individuais.
Tratamentos e o uso da cannabis medicinal
O acompanhamento do TEA é feito por meio de intervenções terapêuticas como psicoterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser indicado.
A cannabis medicinal, principalmente através do canabidiol (CBD), tem sido estudada como uma opção complementar para:
- Reduzir ansiedade e irritabilidade;
- Melhorar o sono;
- Atenuar sintomas de burnout.
O acompanhamento médico é essencial para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
Autismo feminino
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