O governo americano, sobre a presidência de Donald Trump instruiu que organizações internacionais parassem de distribuir remédios antirretrovirais para HIV comprados com auxílio dos Estados Unidos.
A medida faz parte de um congelamento mais amplo da ajuda externa do país, o President’s Emergency Plan for AIDS Relief (Plano Presidencial de Emergência para Combate à Aids, em tradução livre, ou PEPFAR), e vem afetando pessoas soropositivas ao redor no mundo.
Qual é o impacto dessa interrupção dos antirretrovirais no Brasil?
No Brasil, o PEPFAR desempenha um papel importante, mas não central, no enfrentamento ao HIV. O apoio internacional inclui:
- O financiamento de ações que facilitam o acesso a autotestes em várias capitais brasileiras;
- A colaboração com instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a implementação de projetos de conscientização e prevenção;
- A ampliação da profilaxia pré-exposição (PrEP);
- A facilitação para o diagnóstico precoce.
A produção da maior parte dos retrovirais usados em território nacional, no entanto, é feita pela Fiocruz e pelo Instituto Farmanguinhos.
Desse modo, embora a proibição de Trump possa ter efeitos econômicos no Brasil, aumentando o custo para a aquisição de remédios produzidos internacionalmente e diminuindo o apoio aos serviços de saúde, não é possível afirmar que o tratamento de pessoas soropositivas será afetado, muito menos interrompido.
Qual é o posicionamento do Ministério da Saúde?
O portal de notícias G1 questionou o Ministério da Saúde (MS) sobre os impactos da suspensão do PEPFAR no Brasil. A resposta, emitida em nota, garante o aumento do orçamento para a assistência integral, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), aos pacientes com HIV/aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A oferta de antirretrovirais também se manterá gratuita.
A nota do MS reforça, ainda, os avanços no combate a aids no Brasil:
Entre os avanços recentes, destacam-se a ampliação do acesso à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que contribuiu para o aumento de usuários de 50,7 mil em 2022 para 104 mil em 2023. Em dezembro, foi anunciado a inclusão do antirretroviral fostemsavir, ampliando as opções terapêuticas para pacientes com vírus multirresistentes.
Outra iniciativa importante foi o lançamento do Painel Integrado de Monitoramento do Cuidado do HIV, uma ferramenta digital que oferece indicadores atualizados sobre diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas vivendo com a doença no Brasil.
Sou soropositivo. Preciso me preocupar?
Não. Até o momento, não há motivos para supor que a interrupção do PEPFAR vá afetar a distribuição de antirretrovirais no Brasil. Assim, pacientes soropositivos continuarão retirando a medicação pelo SUS.
O Brasil é um país pioneiro no combate ao HIV/aids e uma referência na distribuição gratuita de medicamentos. Além disso, o Ministério da Saúde reforça o compromisso nacional com a saúde dos brasileiros, mesmo diante das mudanças.
Como a interrupção da distribuição dos antirretrovirais afeta a saúde mundial?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a decisão de Donald Trump pode representar uma ameaça global, colocando em risco a vida de mais de 30 milhões de pessoas — principalmente em países da África do Sul.
Isso acontece porque, sem o tratamento, os níveis de vírus em pessoas com HIV podem aumentar rapidamente, o que ocasiona novos quadros de aids. Além disso, o impacto no sistema imunológico de pessoas infectadas aumenta as chances de que elas contaminem terceiros.
É importante pontuar, ainda, que a abrupta interrupção do tratamento de uma doença crônica, como é o caso da aids, pode fazer com que ela se fortaleça. Com cepas mais fortes, o vírus pode se tornar mais resistente.
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